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Letícia Seneme

Disbiose intestinal e suas consequências para a saúde cerebral

A microbiota e a nossa saúde mental possuem uma importante ligação. A tendência médica atual é levar em consideração a condição do microbioma intestinal não só de pacientes com distúrbios nessa área, mas que também apresentam sintomas psiquiátricos e neurológicos.

A microbiota é um conjunto de microrganismos que vivem no nosso corpo e ocupam as mucosas e superfícies que ficam expostas ao ambiente. Portanto, esses microrganismos estão presentes na boca, estômago, intestino, sistema geniturinário, sistema respiratório, olhos, pele etc. Ainda que possuam tal distribuição, a maior parte se concentra no intestino.


Tendo isso em mente, muitos estudos têm se desenvolvido a partir da influência que o microbioma intestinal ocasiona para a saúde como um todo. O que mais tem se destacado é a relação entre a microbiota e a saúde mental.


O desequilíbrio da microbiota, ou seja, a perturbação dos microrganismos presentes no intestino, é chamado de disbiose intestinal e evidências sugerem que ela está envolvida em sintomas neuropsiquiátricos, como ansiedade, depressão e até mesmo distúrbio do espectro do autismo. Pesquisadores afirmam que isso ocorre por conta da alteração na homeostase, como acontece com a doença de Alzheimer e a doença de Parkinson, através da circulação de metabólitos intestinais.


As células imunológicas do intestino são articuladas por condições externas, como estresse, dieta e medicamentos. Tais fatores podem levar à produção de citocinas inflamatórias que acarretam vários problemas intestinais.


As moléculas neurotransmissoras, em conjunto com a microbiota, ajudam no controle das funções intestinais, assim como os centros emocional e cognitivo do cérebro. Tais neurotransmissores também possuem função essencial para ação do sistema imunológico, para permeabilidade e motilidade do intestino e para sinalizações intracelulares.


Como os microrganismos presentes na microbiota atuam na digestão de algumas moléculas, produção de vitaminas, digestão de ácidos biliares etc.; se houver aumento no uso de medicamentos, ele é perturbado diretamente pela ação de tais drogas e cada uma delas possui ações variáveis para a flora intestinal e, portanto, também contribuem para a disbiose.


Até pouco tempo atrás problemas como comportamento cognitivo, humor e memória eram diretamente relacionados a distúrbios cerebrais. Porém, estudos recentes sugerem que a microbiota influencia o humor e as mudanças de comportamento desde a mais tenra idade até a vida adulta.


Sabe-se que a microbiota começa a se formar ainda na fase de gestação e após o nascimento liga-se ao sistema nervoso central para prosseguir com o desenvolvimento. Qualquer “anormalidade”, como uma inflamação por exemplo, durante esse desenvolvimento pode provocar alterações na cognição, humor, memória e comportamento. Caso haja qualquer “anormalidade” no organismo da mãe, há a possibilidade do microbioma materno produzir citocinas inflamatórias que interfiram no neurodesenvolvimento do feto.


Portanto, qualquer mudança na flora intestinal pode ser associada a respostas imunes que podem interferir na saúde neuropsiquiátrica em indivíduos geneticamente suscetíveis. Neste caso, o uso de probióticos, bactérias benéficas para a microbiota, pode ser feito como uma forma de prevenção da saúde da microbiota.


- Fonte: Gabbia Insights (Edição 32, dezembro de 2021).

Para mais informações acesse o artigo na íntegra clicando aqui.








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